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PEDRAS ARCANAS

PEQUENO GRANDE GUIA DE CRISTAIS
NO AMOR E NO SEXO 

Você deseja atrair um novo amor? Quer turbinar a vida sexual? Repensar sentimentos e reorganizar uma relação afetiva? O uso das pedras pode favorecer mudanças e novidades ao coração. O poder de atração dos cristais é inegável. Assim como se constata sua eficácia em variadas aplicações mágicas e mesmo terapêuticas, é no campo afetivo e sexual que podemos empregá-las para atrair, manter ou dignificar uma relação amorosa ou sexual. Além das já conhecidas pedras associadas ao amor, como o Quartzo Rosa, a Rodonita e a Rodocrosita, selecionamos dez pedras consagradas a Vênus por sua força e beleza. Todas elas podem ser encontradas na loja virtual da Cristais Aquarius, nossa parceira. Confira a variedade de cada uma delas.

 

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A Granada é um cristal poderoso no processo de energização e regeneração, associado ao equilíbrio das energias. Assim, se esta estiver baixa em algum aspecto, estimulará a paixão. Se estiver perturbada, propiciará serenidade. Esta pedra inspira amor e devoção. Desperta e equilibra o desejo sexual e alivia a desarmonia emocional. Estimula a Kundalini e a potência sexual, além de remover inibições e tabus.

De um ponto de vista psicológico, ajuda em situações traumáticas ou que tudo parece sem saída. Ótima para recuperar forças durantes crises ou após rompimentos dolorosos, pois estimula o instinto de sobrevivência e aguça suas percepções a respeito de você mesmo e das outras pessoas. Na variedade Almandina, suas características de força e resistência ficam ainda mais intensificadas, além de promover amor profundo e habilidade de reservar tempo para você mesmo.

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A Crisocola é um mineral de elevados atributos esotéricos e terapêuticos, ainda que desconhecida por muitos. De aparência semelhante à Turquesa, esta é, literalmente, uma pedra da Deusa: suas energias antigas são estritamente femininas, ressoando por meio de sua beleza. Fortalece ainda o corpo físico emanando gentileza e poder.

Esta pedra governa o fluxo de energia e comunicação e permite a canalização do conhecimento e do afeto de modo claro e objetivo. Sendo uma aliada poderosa a quem usa a voz para conseguir o que quer, esta pedra ajuda a abrir canal entre uma consciência mais elevada e a plena expressão verbal, favorecendo discursos inspirados.

Permite, ainda, que falemos sem máscaras, através da intuição, e não por informações simplesmente adquiridas. Quem a possui se conscientiza da responsabilidade para com o mundo e o amor. Tanto a palavra quanto o silêncio, diante desta pedra, estão bem dignificados.

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O Jaspe é um cristal que promove um senso de independência e de completude. Indicado, portanto, para relações onde a dependência do parceiro ou a co-dependência atingiu níveis limitadores e cerceantes.

Se você é do tipo que se sente incompleto na ausência do outro, é bom ter um Jaspe por perto. Caso possua uma personalidade frágil ou não consiga se impor em discussões, o Jaspe será de grande auxílio em situações de confronto. Esta pedra trabalha com a coragem, a honestidade e a assertividade.

Associado com o sistema circulatório e com os órgãos sexuais, este cristal é conhecido por ser capaz de prolongar o prazer – especialmente o Jaspe vermelho, pois trabalha a energia do chakra básico.

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O olho do tigre. Astúcia, argúcia, estratégia. Utilize este cristal para caçar um amor. Ele aguça os sentidos e confere a percepção do momento certo para o ataque. Além disso, aumenta a auto confiança, o senso de valor próprio e mostra o uso correto do poder. O Olho de Tigre ajuda a conquistar aquilo que se deseja.

Esta pedra combina as energias solares e telúricas, atuando no processo de ancoramento energético, reforçando o foco e o centramento. Os pés ficam firmes no chão ao mesmo tempo em que a percepção do ambiente é ampliada. Utilizado sobre o terceiro olho, a kundalini é estimulada a ascensionar.

Tradicionalmente utilizada como um talismã contra pragas e maldições. Confere um temperamento alegre e desbloqueia a criatividade.

onix

Ônix é uma pedra bastante auspiciosa quando se deseja estabelecer o autodomínio. Força física e clareza emocional são dignificadas a partir do trabalho constante com esta variedade de Calcedônia. É excelente para dirigir melhor a atenção, disciplinar a mente e dar um novo rumo aos assuntos prioritários da rotina.

O amor pode ser alvo de seus efeitos, já que coloca os sentimentos em seus devidos lugares e incita o cuidado cada vez maior com o afeto. Nítidas demonstrações de carinho também podem vir à tona a partir do envolvimento com o Ônix, que revela o verdadeiro sentido das relações amorosas e encoraja a expressão do que existe de mais sincero no coração.

No âmbito sexual, o uso desta pedra proporciona a primazia do toque.

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Relacionada com a alegria e o otimismo, a Pedra do Sol é ideal para equilibrar situações afetivas onde impera o marasmo e a falta de perspectiva, despertando o “joie de vivre”.

É um cristal extremamente eficiente para trabalhar a dependência emocional, removendo ganchos que prendem uma pessoa a outra. Esses ganchos drenam a energia e enfraquecem a psique, de forma que um comportamento de baixa auto estima pode se instalar. É uma pedra excelente para quem tem dificuldade de dizer não e constantemente se auto sacrifica pelo outro.

Sexualmente estimula a desinibição e a auto confiança, liberando bloqueios e ajudando a superar a timidez.

serpentina

Esta pedra simboliza, literalmente, o Poder da Serpente. Tem este nome por ser semelhante à pele ofídica e serve para ativar e elevar as forças da Kundalini.

É ideal para quem dança, encanta, sibila. Celebra a condição de oráculo por meio do encantamento. Trabalha no desbloqueio dos chakras energias estagnadas.

A Serpentina permite que a saúde e a beleza fluam, havendo reequilíbrio sempre que necessário. É uma pedra poderosa para curadores, magos e aqueles que trabalham com energia e conhecimento nada convencionais. Trazendo assertividade para o corpo emocional, ela permite que eliminemos todo e qualquer medo de mudanças e de dificuldades.

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Uma das pedras mais conhecidas, mas não menos poderosas e importantes, a majestade roxa vem a ser um instrumento indispensável para todo e qualquer oraculista que se preze.

Famosa por ser usada em jóias e talismãs desde o Antigo Egito e passando pelo mito relacionado a Baco e a Diana, este cristal é símbolo de proteção espiritual e purificação. Aglomerados e geodos deste mineral são chaves para uma rotina tomada por beleza, tranquilidade e conexão. Ideal para harmonizar ambientes, todos os cômodos de uma casa merecem uma Ametista.

Recomendada a todos, é um belo artefato de meditação e geração de energia para reciclar atitudes e sentimentos. Ativa a intuição, podendo ser utilizada nas questões amorosas também com este fim. Desordens nervosas e desequilíbrios afetivos podem ser controlados a partir do uso dedicado de uma drusa de Ametista, além de ser um estimulante para manter a saúde emocional, mental e espiritual em primeiro plano.

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A Sodalita facilita a comunicação clara e objetiva, podendo ser utilizada para melhorar este aspecto dos relacionamentos. Em casos de conversas truncadas, discussões e desentendimentos, a sodalita acalma o ambiente e aumenta o poder de transmitir as ideias de forma precisa.

Ter uma Sodalita por perto é sinônimo de canalização e fluência no discurso simbólico. Um cristal promotor de insights por estimular a visão de modo direto, sem se perder em meio a contradições e paradoxos trazidos por outras pessoas.

Favorece uma postura verdadeiramente intuitiva quando é necessário mergulhar no que o outro deseja saber ou precisa fazer para resolver, aumentando a percepção. É o cristal de Sodalita que estimula uma compreensão significativa dos sinais apresentados pelo acaso ou mapeados. É um elemento de jornadas interiores precioso por instigar a integrar aspectos de modo sereno, fazendo com que se veja a realidade com a intuição aguçada e as palavras bem colocadas.

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A Turmalina Rosa é uma pedra relacionada ao chakra cardíaco, atuando diretamente sobre as emoções. Ajuda a trabalhar as mágoas afetivas e a libertar-se de traumas amorosos, realizando uma limpeza e equilibrando o corpo emocional. Ela alivia a culpa, as ansiedades e as tormentas, canalizando essas emoções em amor-próprio. A coragem para que os mais inseguros abram seu coração é incentivada através do uso desse poderoso cristal.

Trabalhe as paixões não correspondidas com a Turmalina Rosa, pois esta pedra auxilia na cura de obsessões e feridas antigas, bem como a restaurar a confiança no amor. Ela também traz, além disso, alegria e entusiamo pela vida, ajudando nos processos de grandes decepções amorosas que levam a um estado entorpecido ou depressivo.

Confere poder à natureza feminina. Relacionada à fertilidade, equilibra os aspectos femininos e masculinos nas mulheres, auxiliando-as a desenvolver todo o seu potencial.

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ALGUMAS PALAVRAS SOBRE MAGIA COM CRISTAIS

 “É favorável conhecer as pedras antes de usá-las em magia”, escreveu certa vez Scott Cunningham, e autor de mais de vinte livros sobre Bruxaria. Nem todos os cristais servem para qualquer finalidade que desejamos. É necessário depositar atenção às correspondências. Pode-se dizer que as cores rosa e vermelha e frutas como maçã e morango são símbolos de amor e paixão. Assim, determinados cristais também nessas cores serão específicos para trabalhar esses sentimentos.

Nem todas as pedras que apresentamos são exclusivas para assuntos do coração, mas servem bem aos intuitos ligados a ele. O que importa na Magia é a sua força de vontade e um alto senso de responsabilidade. Ela é o ato de provocar alterações em nosso modo de ver, pensar, sentir e agir. A natureza ao nosso redor oferece essas joias que são os cristais para atingirmos o melhor de nós mesmos. Basta que saibamos as coordenadas para seguirmos um caminho com beleza e significado.

 

 

Concurso Cultural Arcanavênus

Em nossa página do facebook, lançamos o seguinte concurso cultural:

Que tal uma declaração de amor ao Amor? Sinta-se livre para expressar seus sentimentos à essência de de Vênus e ganhe uma pedra exclusiva da Cristais Aquarius.

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Os prêmios: Turmalinas Rosas no valor de mercado de R$ 200 e R$ 100 cada peça.

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PERFUME DE PANTERA

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Preferir a pantera ao anjo,
Condensar o vago em preciso

João Cabral de Mello Neto

Perfume de Pantera

Estratégias fatais de sedução

A Sedução é o “artifício do mundo”, palavra de Jean Baudrillard. Na religião, a sedução é considerada uma estratégia do Diabo, que poderia encarnar-se em uma bruxa ou em um amante – um desvio de rota. A Lilith dos textos apócrifos, primeira mulher de Adão, é um protótipo da Sedução.

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O poder da Sedução é mais forte do que a Realidade porque é inesperado. Para o pensador francês, Sedução é Aparência e por isso, pode mais do que a Verdade – questão polêmica, é claro.

A falta de sentido da Sedução derrubaria facilmente a projeção de sentido a que damos o nome de Realidade. Simplificando, na terminologia baudrillardiana, a Realidade equivaleria ao sentido de “produção”, ou seja, qualquer trabalho a ser realizado. Quando saímos dos limites do que chamamos de Realidade, e entramos no excesso – onde perdemos o sentido de Realidade – penetramos em uma esfera sobre a qual não temos nenhum controle.

Exemplos: uma mulher sai para trabalhar e é seduzida por um homem misterioso que cruza o seu caminho; um artista é atraído por um novo conceito em arte; uma publicidade nos seduz com um teaser. Em todos estes casos, experimentaríamos um enfraquecimento das nossas projeções usuais de sentido, deixando-nos prender pelo novo.

A Sedução, situação imprevista, é mais forte que a Produção – o trabalho a ser realizado. A Sedução desvia, desordena, se funde com nossas projeções e em casos mais graves, anula a Produção. A Sedução está ao lado do Caótico que, por definição, não se sujeita a nenhuma Produção.

Baudrillard dedica todo um livro ao tema. E nos oferece um dado importante, o seu caráter dialético – Toda Sedução é uma Não-Sedução ou vem de uma Não-Sedução. Como? Isso mesmo. A Sedução funciona melhor na ausência do que na presença.

Pessoas “verdadeiramente” sedutoras possuem uma aura de encantamento e mistério que foge à capacidade de qualquer explicação sensata. Seduzem por um artifício natural – porque são sedutoras e ponto. Emanam algo indefinível e altamente atrativo. Não podemos esquecer também daquelas que montam suas táticas como estratégias de guerra, entre minuciosos cálculos e maquinações. A Sedução sofisticada atua por mecanismos estéticos, sutis, como por exemplo … bem, melhor não entrar em detalhes.

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Deixemos de lado os estereótipos do sedutor – o D. Juan Grudento e a Sereia Derramada. Suas táticas são infantis e com um mínimo de know how por parte das “vítimas”, têm seus ardis facilmente desmantelados. A Sedução vulgar atua por insistência. E então, já não é sedução.

O Encanto atua na esfera do ocultamento, do que foge à compreensão imediata. É máscara, é maquiagem, é perfume. Para que seja efetiva, a Sedução mascara.

Dentro da proposição dialética de Baudrillard encontramos o terceiro termo: A Sedução, sendo uma Não-Sedução – signo vazio – é também uma Auto-Sedução. Antes de seduzir o Outro, sou vítima da Sedução. O sedutor é sempre um seduzido. Só se seduz o que já nos seduziu. E é nesse momento que a Pantera cai em sua própria armadilha.

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O Perfume 

Cheiro de jasmim, uma casa deserta – estanco o passo imediatamente: os primos, a casa de minha avó. Pequenos olhos rasgados de afeto, portrait tridimensional. Balas de canela na língua, o contato do seu braço; xale negro de lã grossa roçando a face rosada de criança. O grito de Serginho – onde estão os gibis velhos? Dentro do baú. As revistas estão dentro do baú.

Tudo isso em um átimo de segundo. Sensações múltiplas escorregando ao mesmo tempo: visão, tato, paladar, audição. Estou atrasada, tenho que entregar um texto na redação. Mas nada impede que o perfume do jasmim venha e me envolva. Sou presa do seu fascínio cheio de lembranças. Invade repentino, num arrebatamento silencioso. O perfume é momentâneo e fugaz mas age bruscamente, procurando com seus etéreos dedos, memórias no meu arquivo cerebral.

Vivemos a mercê do olfato, o mais primitivo dos sentidos. A memória olfativa, a mais duradoura das memórias, está ligada ao sistema límbico, área cerebral que é responsável pela produção das emoções e que por sua vez está vinculado ao hipotálamo, região do cérebro que coordena os hormônios causadores dos impulsos instintivos e sexuais.

O feromônio, um hormônio exalado por animais e também por pessoas em busca de um companheiro, é uma substância atrelada às reações inconscientes e instintuais. Hoje, sintetizado, encontra-se à venda para quem conta com essa estratégia para atrair parceiros sexuais, já que escondemos nosso cheiro habitual com perfumes sintéticos.

Será que funciona? Creio que é bem mais interessante deixar que o nosso próprio feromônio recenda, já que é inato. No entanto, cada caso é um caso, e cada qual sabe a quantas anda o seu poder de atração. E depois, um perfume usado com discrição cria uma outra química, somado ao nosso cheiro natural.

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A indústria de perfumes soma bilhões de dólares por ano. As grandes griffes não sobrevivem apenas das coleções de alta costura. Perfume dá ibope, o que não é novidade nenhuma. Cartier, um joalheiro aficionado pela pantera, criou diversas jóias tendo o negro felino como inspiração. E em 1987 lançou Panthère, uma fragrância imortal.

Plínio comenta que na cidade de Tarso existia um perfume muito raro e cobiçado: o Panterico. Mas e além do perfume de Cartier e do Panterico, qual a relação entre os aromas, a sedução e a pantera?


A Pantera 

É Aristóteles em Animalium historia que funda um momento crucial na história mítico-fisiológico da pantera ao referir-se ao seu hálito perfumado, tradição esta retomada por Teofrasto e Plínio. A pantera seria o único animal a possuir o poder de encantar através do perfume. E Aristóteles constrói, em Problemata inedita, o tripé básico que configura as funções do felino: a caça, a atração (o hálito perfumado) e o engano pela beleza – marcado pela variação de sua pele, símbolo da instabilidade psíquica, da inteligência, da astúcia e da eroticidade.

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Antes de dar o bote, é bom lembrar que ao nos reportarmos à Pantera (negra por excesso de melanina), buscando como referência textos clássicos e medievais, falamos também do Leopardo. Aventa-se que os autores estejam mencionando mais especificamente o Guepardo, bastante freqüente na Pérsia, já que no mundo grego a pantera é um animal sobretudo oriental. A Potnia Théron cretense, Senhora dos Animais, que tem traços em comum com a deusa Cibele, da Ásia Menor, é freqüentemente nomeada “A Senhora da Pantera”.

São três as estratégias fatais de Sedução da pantera: saber fingir-se de morta, atrair pela beleza do pêlo e através do perfume.

Eliano, ao relatar os costumes da Mauritânia, conta que a pantera finge-se de morta para capturar símios. Cerra os olhos e deixa as patas lassas em torno do corpo. Os macacos, desconfiados, ficam em suas árvores, observando-a. O tempo passa. O macaco mais atrevido desce e verifica, cuidadosamente. Repara se seus olhos já não se mexem, se não respira. Os outros macacos, ao notarem que o colega não corre perigo, acreditam no seu desejo e, sentindo-se seguros, descem das árvores. Acham que o animal está “morto” e saltam e pulam sobre seu corpo, menosprezando sua força e coragem, fazendo micagens. Nesse momento a pantera, que já tem sobre si todos os macacos que deseja devorar, com a rapidez de um raio os despedaça com suas garras e dentes afiados como se estivesse vingando-se daqueles que depreciaram a sua esperteza, recuperando a realeza e a supremacia.

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O mesmo autor nos conta sobre o fascínio que a pele sarapintada da pantera causa nas ovelhas, que se quedam enlevadas ao admirá-la. A paralisia pelo fascínio. O animal, sabendo disso, deixa que as ovelhas aproximem-se e esconde a grande cabeça para não assustá-las. Apenas seu corpo fica descoberto. O desenlace do episódio é trágico: o objeto de contemplação passa ser objeto ativo – recupera sua ferocidade oculta e devora, sem maiores delongas, o contemplador.

Já ouvi menções que o mesmo ocorreria com o ser humano que se depara com a fera. Matteo Meschiari sublinha o que ocorreu a Livingstone, o explorador, entre outros que tiveram sensações semelhantes, ao sobreviver ao ataque de um grande felino: “o contato físico com o predador acontece em condições similares a um sonho de olhos abertos, em estado de privação sensorial quase prazeroso. O homem não reage, o cérebro anestesia o corpo, se instaura uma cumplicidade entre presa e predador para que tudo acabe o mais rapidamente possível”. Um entorpecimento dos sentidos, quase um prazer sensual, toma conta da vítima. Os dedos rendados da morte são desejados, a pantera hipnotiza. Humanos: “sensualmente perdedores, voluptuosamente dominados”. Não é possível fugir – resta entregar-se.

Mas a arma mais poderosa e sutil da pantera é o perfume.

A Pantera servir-se-ia do seu hálito perfumado para caçar e atrair suas presas que, sentindo sua adocicada suavidade, aproximam-se, fascinadas. As cabras e outros animais amigos do perfume seriam suas vítimas preferidas. Escondida atrás de frondosas árvores, é só uma questão de tempo para que se lance sobre os outros animais.

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Teofraso compartilha da opinião de Aristóteles acerca do perfume da fera: uma qualidade que não é dividida com nenhum outro animal. Aristóteles chega a afirmar que a pantera é o único animal perfumado. Ninguém passaria incólume ao seu perfume, ao contrário, atirar-se-ia em direção ao aroma.

No entanto, reafirmando a visão de Baudrillard, o sedutor é, antes de tudo, o seduzido que se inebria com suas próprias qualidades projetadas – a pantera também é atraída pelo perfume. Nada funciona em via de mão única.

Oppiano, no seu poema sobre a caça – Cynegetica, sustenta que um dos meios para capturar a pantera consiste em aspergir vinho nas proximidades do lugar onde ela bebe água. A Pantera não resiste ao vinho e se embriaga facilmente. Ébria, mênade, de fera predadora vira presa. A tradição remonta aos cultos dionisíacos – sabemos que a pantera é um animal dedicado a Dionísio, deus do vinho e das orgias.

Filostrato, na Vida de Apolônio de Tiana, narra que as panteras da Armênia procuravam a floresta da Panfília, rica em essências balsâmicas, sentindo-se atraídas por seu forte odor. A pantera tem uma curiosa preferência pela árvore de cânfora, tomando-a como morada. Não permite que ninguém se aproxime dela, o que nos mostra um lado sensível e cheio de zelos, do intrigante animal.

E detesta o cheiro de alho. A pantera, como uma mulher caprichosa, cultiva seus estranhos gostos. De fato, para Aristófanes a cortesã sedutora e perfumada (felina, portanto) é uma pantera. Na peça Lisistrata, o desejável corpo da mulher, enfeitada com belas vestes e perfumada, é um felino deste tipo. Marcel Detienne irá observar que a caça e o amor não são pólos antitéticos mas sim correlatos. Parece óbvio, mas a conhecida armadilha continua em pé – e saber da sua existência não contribui para que suas vítimas escapem.

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O estratagema das panteras difere: seduz as cabras – animais indóceis – com seu perfume; as ovelhas, com a visão de sua pele, que as paralisa. Para as cabras existe um substrato impalpável e quimérico servindo como intermediário, à diferença das ovelhas, encantadas com a exibição do corpo fascinante. A cabra não deseja a pantera mas sim o que é anunciado pelo seu perfume, que ela talvez julgue como uma emanação da perfeição. As ovelhas são seres simples, e essa ingenuidade é persistente. As cabras são caprichosas, mas o capricho é uma qualidade fugaz. Por isso mesmo, a Pantera faz mais vítimas entre as ovelhas (DETIENNE).

Os macacos não são atraídos pela pantera por uma emboscada de caráter estético e perverso, como as ovelhas e as cabras, mas sim por um complexo sentimento que poderia definir-se como a alegria dos pequenos, das vítimas ante a morte do sedutor, do forte – também do assassino, do tirano (NIETZSCHE). Os símios, homenzinhos triviais e de pouco juízo, sempre em estado de ebulição e continuamente agitados pelo som da flauta pânica das aparências – celebram a morte do Fulgor, da mortal sedutora. É um regozijo cego e egoísta, abismal, pois acreditam que mataram quem é capaz de trucidá-los fingindo-se de morta. No seu tresloucado desassossego, não percebem também desta vez que o artifício é sempre o mesmo – estender-se, e que, no final, aquela que se dá arrancará a máscara e voltará a espalhar a destruição.

Corre a lenda que as panteras, apesar de ferozes com o resto dos animais, são entre si seres bastante sociáveis e cordiais. Defendem seus filhos e se comportam decentemente com seus amigos, seja na sorte ou no infortúnio. Eliano conta que um caçador tinha em sua casa uma pantera mansa e um cabrito que haviam se tornado bons amigos. O cabrito morreu e o caçador lançou-o como alimento para a pantera, mas esta, reconhecendo o amigo, recusou-se a comê-lo, mantendo a mesma atitude durante vários dias, no que pesasse a sua fome. Finalmente o caçador lhe apresentou outro cabrito, que ela devorou sem demora. As panteras são atrevidas e ferozes, mas não alardeiam sua força e violência, ao contrário: freqüentemente oferecem um aspecto exterior tranqüilo, apresentando-se suavemente, com discrição.

Todos estes dados nos levam a pensar: mas será verdade? A pantera realmente tem um odor perfumado? Zoólogos dizem que não – a pantera não apresenta nenhum perfume especial a não ser aquele que emana de todo e qualquer felino saudável e bem tratado, incluindo aí os gatos. Que o inebriante perfume das panteras não passa de lenda. Mas cá entre nós, isso importa? O que temos aí são metáforas. E metáforas são verdades do espírito. A Sedução representa o domínio do universo simbólico, diz Baudrillard.

Envolta em um halo perfumado, exibindo o luxo de sua pele sedosa e atraente, sedenta por vinho, zelosa para com sua árvore de cânfora, a pantera ondula em seu passo elástico por um universo de delícias e crueldades. Uma aristocrata do espírito e dos sentidos.

Bela. Feiticeira. Sedutora. E solitária.

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A Autora

Zoe de Camaris nos brinda com sua participação no ArcanaVênus com este inebriante texto.
Taróloga, escritora, professora de Lingüística e Literatura, mantém os blogs
Zoe Tarot e Palavra de Pantera.

Recomendamos a visita.

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BIBLIOGRAFIA

O artigo foi composto tendo como referências o livro Da Sedução, de Jean Baudrillard; uma apreciação crítica da mesma obra, feita por Cristóbal Holzapfel da Universidade do Chile; antigos bestiários, entre eles o de F. Cardini – Monstros, feras, animais no imaginário medieval; o estudo Arqueologia das Trevas de Matteo Meschiari, e um texto que encontrei na Internet. Não consegui entrar em contato com os responsáveis pelo site e o texto disponível na web não se encontra assinado e nem dá maiores pistas sobre o autor. Acredito ser uma tradução para o espanhol de algum dos livros de Marcel Detienne, se não me falha o faro e as vibrissas. Os últimos trechos do item “Pantera”, em que se discorre sobre as relações similaridade entre humano e animal, são resenhas do texto em questão.

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O CARRO DOS DESEJOS


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Movimento.

Eis a palavra-chave e a condição magna de Janeiro a Dezembro de 2014. Este é o ano astrologicamente regido por Júpiter e, pela soma dos algarismos (2+0+1+4=7),  pelo sétimo Arcano Maior do Tarot: O CARRO. Na astrologia chinesa, aludindo ainda mais à condição de ritmo, é o ano do Cavalo. Bons auspícios correndo até nós.

Símbolo do deslocamento, da evolução do pensamento, da conquista e mesmo das condições favoráveis ao conforto, O CARRO abarca conceitualmente todos os veículos de locomoção e, em relação ao nosso corpo, a energia que despendemos para andar, correr e desempenhar o prazer. É alegoria da máquina que nos espelha, de modo que somos também máquinas de desejo. O CARRO nos faz humanos. Ímpeto. É o arcano-dínamo que prenuncia e possibilita o desenvolvimento de uma ideia e a execução de um projeto, seja ele profissional, afetivo ou mesmo sexual.

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e os prognósticos para quando
Vênus encontra Júpiter

AMOR & SEXO

No amor o entusiasmo, a expectativa, o desejo. As características deste arcano para um assunto tão importante não poderiam ser melhores. O CARRO é um presságio bastante favorável para quem pretende engatar uma relação estável. Aos solteiros, indica predisposição à conquista, tanto a decisão de tentar firmar namoro com alguém quanto a de ser alvo de uma. Há, porém, o indício de relacionamentos rápidos, envolvimentos passageiros que não por isso devem ser menos aproveitados. Para quem já está numa relação amorosa feliz, planos para o progresso e renovação da convivência estão na pauta. Dinamismo nas palavras e nas atitudes devem ser os principais artifícios para oxigenar a rotina e fazer com que os sentimentos aflorem e se mantenham vivos. Se a relação não está satisfatória, ano de redefinição – a energia do momento inspira uma atitude mais direta e corajosa em tentar arrumar o que não está bom ou partir para uma outra experiência. Aos compromissados: menos conversa e mais prazer, sempre que possível. É o magnetismo, a admiração e o desejo de fazer o amor triunfar que O CARRO confere a quem se predispõe a dividir momentos de intimidade com quem se ama.

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No sexo a habilidade, o tesão, o arrojo. Isso significa que aos solteiros a oferta poderá ser maior, assim como a atração física deverá determinar os rumos de encontros esporádicos ou de relações sem tanto compromisso. O cuidado básico neste campo imprescindível está na fatídica armadilha que é confundir tesão com amor, assim como uma propensão a ‘topar qualquer parada’. A intensidade do afeto se espelha no sexo, que tende a ser inovador a partir de uma postura criativa e mais aberta das pessoas envolvidas. A atitude sexual do ano do CARRO é sempre dinânica e ativa. Tomar a iniciativa e conquistar em vez de ficar sentado no canto esperando a vida passar. Sexo potente, sexo cavalar. Intenso, autêntico, atlético. O movimento é fundamental. Sair, circular. Viagens podem ser particularmente estimulantes e excitantes, com potencial para ativar ou mesmo reativar uma vida sexual tranquila ou estagnada.

Egon_Schiele_016Há de se notar a tendência à aventura e ao desbravamento de novos territórios, seja com pessoas desconhecidas ou mesmo com a pessoa amada.


CORRESPONDÊNCIAS

Arcanos relacionados: para enrijecer o clima, você pode dispor num altar as cartas de maior poder de sedução e conquista como: A Imperatriz, A Força, A Estrela, Os Amantes, Cavaleiros de Copas, Rainha de Copas, Rei de Copas, Rainha de Ouros, Rei de Paus.

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Anatomia: As coxas se mostram como aliadas poderosas na sedução. Aprenda a venerar essas partes com esmero.
Jóias: Bronze, liga metálica de Estanho [Júpiter] e Cobre [Vênus], própria para tonificar o magnetismo pessoal.
Cores: Azul [em roupas íntimas] e tons leves.
Velas: Brancas
Dia da semana: Quinta-feira
Planta: Camomila
Incenso: Noz-Moscada
Óleo: Cravo
Sabores: drinks com Hortelã ou Groselha

SÉTIMA ARTE
Crash – Estranhos Prazeres | David Cronenberg, 1996.

Com Holly Hunter, Deborah Kara Unger, Rosanna Arquette, Elias Koteas e James Spader. Um homem se envolve em um acidente de carro que acaba atingindo outro veículo. Nele há um homem, que morre, e uma mulher que acaba ferida. Após o trauma e a frequência do contato, os dois sobreviventes acabam se tornado amantes. Passam, então, a frequentar um grupo que tem por fetiche a reconstituição dos mais graves e polêmicos acidentes de carros. No entanto, estas reconstituições são feitas sem normas de segurança, aumentando o risco de morte dos participantes e desencadeando excitação na seleta plateia. A descoberta dessas práticas acaba atingindo pessoas inocentes e mesmo as relações sexuais entre os envolvidos — quase sempre dentro de automóveis — acabam tomando proporções desmedidas. O filme chocou a crítica e é indicado aqui por ser um clássico de Cronenberg, e foi citado pois sexo e carros são nossas especialidades de hoje.

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O QUE VOCÊ DEVE SABER

O CARRO está em movimento. Alimenta e alimenta-se da perfomance. Mas uma das artimanhas ensinadas pelos deuses consiste na quebra do ritmo harmonioso para gerar um efeito de força maior. Isso se aplica, no sexo, ao segurar o gozo no momento principal. Tomar as rédeas do próprio tesão é uma maneira de acumular vigor. O desempenho sexual duplica na medida em que a ejaculação passa a ser interrompida na hora decisiva para continuar a simbiose dos corpos.

Relaxe e discuta a respeito dos seus impulsos. Quando eles são domados, a tendência é suscitar a serenidade e uma onda de afeto que pode tomar conta do ambiente tomado pelo sexo. Acelerar o passo sem olhar ao redor é uma constante no ano d’O Carro, por isso a necessidade de controlar os instintos a fim de alimentar suas próprias forças.

Double Self Portrait Egon Schiele 1915

Celebre o guerreiro e a guerreira dentro de você. Quem coloca uma carruagem na estrada sabe aonde quer chegar. Se não sabe, descobre a partir de uma postura atenta aos detalhes — desde os cheiros até as cores relacionadas à pessoa ou situação que está no alvo.

O CARRO pode até detonar certo egoísmo entre quatro paredes. Ir com muita sede ao pote é uma atitude que merece ser repensada com mais frequência a partir de agora. Seja generoso com o corpo que você ama ou deseja. Aprenda a servir para que lhe sirvam com primor.

Major07Kama Sutra Tarot | LoScarabeo

Wahashtini

alchemical tarot

Wahashtini 

Wa hashtiny adad nugum is sama
Wa hashtiny adad kalam il hauwa
Wa hashtiny fi kuli youm
indana indana
Wa hashtiny aktar u aktar
Wachna sawa

Taala n’kulli helwa haie taala taala
Taala nawad kulli d’iea taala taala
Min schufi la boukra y farradna
Wina ruh elbi ma saddad’na
Ishta’tili wirga’tili
Wa ultili wa hashtiny!

Layali, dayali, dayali
Ma fari’tisch sayya chayali dayali
Bastanna farhau bastannak
U baghanni wana bahlam bil uad
Allah, Allah lua al habib baad ilrhiyab
Halautu bil khalil hawa yerga shabab
Allah, Allah

Ya amar, ya sahar, ya amar, ya sahar
Ya amary, ya sahar, ya sahary, ya amar
Ragain ragain, ragain inta hanin bachrin
Kull il ashiena ragaina ya
Isharru, unauarru layalina layalina
Da eshsho yama dauwib fina aah.

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Sinto Sua Falta

Sinto sua falta
Uma saudade tão grande quanto o número de estrelas no céu
Sinto sua falta
Cada dia mais e mais

Vamos, vamos
Vamos fazer o sonho uma realidade
Vamos compensar cada minuto perdido
Porque o amanhã pode nos separar

Oh, meu querido
Compensamos todo tempo juntos
Eu sinto sua falta
E vim até você, sinto sua falta

Noites, noites, noites, noites
Jamais sonhei algo como você
Esperei pela felicidade
Esperei por você

É o momento de te encontrar, meu amor
E eu espero por você
É o momento de te encontrar, meu amor, é o momento de te encontrar
Isso me faz sentir mais jovem
Sinto sua falta

Letra e tradução daqui.

 

ZEITGEIST; anatomia de um

Dream_Caused_by_the_Flight_of_a_Bumblebee_around_a_Pomegranate_a_Second_Before_Awakening (2)

suor e saliva
quatro mãos
a escrever a história.

não meras lembranças nas estantes,
mas jogadas na cama. na varanda das heras.
no ninho, no carro.

na festa da composição.
a quatro mãos o abraço
uma muralha a re
definir os rumos. entender que o amor sempre esteve
à frente, celebrado a altas potências.

um dia a olhar para trás, recapitulando a história e
continuando a escrevê-la a cores. sem fôrma, lado a lado.
a quatro mãos. um tie-dye previsível.

suor e saliva
a redigir as águas. abraço por trás: fileira.
dois de copas. o mesmo ritmo.
sempiterno.

dois, um dia confirmados no espelho
a sorrir das falhas e venerações. écloga à teia
do destino.

Eros
desde já
em chamas

 

Tempestardes | Leonardo Chioda
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Temperando relações, desejos e afetos através do Tarô – Parte I

Assista à primeira palestra do projeto ARCANAVÊNUS.

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destaque

Terceira Confraria do Tarot

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ARCANAVÊNUS nasceu em grande estilo na III Confraria Brasileira de Tarot, dia 21 de julho. Agradecemos aos amigos presentes e aos interessados em desvendar os caminhos do Amor. Rumo ao workshop!

Siga o blog ou deixe seu email nos comentários para entrarmos em contato assim que tivermos data e local do primeiro workshop.

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As seis faces do amor

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